segunda-feira, 12 de maio de 2014

Flor-essência

Da terra me floresci
Me vi, me senti, me surgi
Do cio brotante do chão
Do grão no vão dum ser
Tão frágil e farto
De opressão que assola
O solo e arranca a sola
Que daria piso ao sustento
E tento, sem razão, já sendo
Me sento no mundo,
de novo me sinto
Parte do todo, do novo, do outro
Eu, todos nós, desatando e refazendo nós
Soltáveis de tão laços
E sem passos como aço
Que não ocupam os espaços
Semear os frutos impuros de reais
E que a moeda real tão impura
Extinta seja; e veja, utopia?
Que seria, lindo
O mundo com pés descalços
Com belezas despidas
E alçadas de amor
Que do chão brotará em cada ser
Tão forte e tão tudo,
Tão outro e tão desnudo
Mudo, como o giro constante
E bebo do suco de toda roda que surge
Ressurjo e me sujo de vida,
Me sangro do sangue da terra
Que avermelha a existência
E urge por nossa florescência.