sexta-feira, 31 de julho de 2009

Nem pareciam se incomodar!

Outro dia, estava indo de ônibus para Icaraí, de noite. Quando o ônibus parou no sinal de uma rua um pouco estreita, mas com bastante movimento, escura e ao mesmo tempo iluminada pelas janelas dos apartamentos. Observei então umas três pessoas: uma moça, devia ter lá seus 36 anos; e duas crianças, meninas, pareciam-me ter uns 12 anos. (Não me lembro bem se eram só três pessoas, mas que me vêm à memória são essas). Eram notávelmente providas de baixíssima renda, (se é que pode-se chamar o que essas pessoas possuem de renda), sujas, com roupas rasgadas, descalças, com ar de indignação e pareciam estar cumprindo somente a rotina diária que as tomava. A moça, mais velha, estava um pouco afastada das outras duas, em pé, com uma das mãos na cintura, na calçada, de frente para a rua e com a cabeça virada olhando para sua esquerda, onde as crianças estavam. As duas meninas pelo que me lembro estavam no meio-fio (perdeu o hífen? acho que não!) meio eufóricas e gritavam discutindo, quando uma delas afirmou:

- Ó, todos os carros com vidro aberto são meus!

A outra menina disse alguma coisa reclamando mas não consegui compreender sua fala, o ônibus se pôs em movimento. Fiquei pensando depois que a cena se foi... enquanto essas meninas discutem para ver quem fica com cada tipo de carro, com vidro aberto ou fechado, existem mais crianças discutindo essa mesma coisa e outras discutindo o divertimento que terá: computador ou videogame, televisão ou gameboy (é assim que escreve? também pouco importa, a questão não é essa...)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Evoluçamba


A risada presa aos domingos

A caneta que mais satisfazia

O rádio provocante de emoções

Mas que coisa, como mudam as sensações!


A sandália suja de areia

O sentimento prazeroso pelo errado

O ar doce e puro gelando ilusões

Mas que coisa, como mudam as sensações!

sábado, 18 de julho de 2009

O resto injusto

O resto é o lixo,
a sobra do útil.
O resto é o sujo,
além do inútil.

O resto é o humano,
a sobra do estável.
O resto é o fim,
o nunca degradável.

Para nós, é resto
Para outros, não pouco
Nós fazemos do resto, o resto
Enquanto outros, são apenas lixo solto.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ser poeta




Uma vez li que poeta é fingidor
Encantam a todos com sua suposta dor
Mas no fundo, fingem sentir o que não sentem
Talvez fingindo pra si mesmo conseguir sentir o que mentem.

Ser poeta é conseguir ser capaz de pôr em palavras
O que para todos é belo, mesmo não sentindo
O que para alguns é real, mesmo para ele não sendo
E acima de tudo, fazer parecer real o que os outros nele estão vendo.

Ser poeta é ser especialmente livre
Para dedilhar suas ideias como numa melodia
E não se importar com inúteis críticas
Afinal, tudo é aceito na poesia.


domingo, 5 de julho de 2009

Não sou

Eu sou o céu, mar, estrela
Sou a chuva que cai abundante
E se deita na areita feito esteira.

Eu sou a terra, a mata, a grama
Sou a gota de uma cachoeira
Que com força se derrama.

Quando em frente ao espelho
Não encontro minha identidade
Um personagem ativo do caos
Mais um coração em desespero.

Eu sou o amor, carinho, afeto
Sou a lágrima que no sorriso escorre
Que de feliz leva um pedaço do que é certo.

Eu sou o sorriso, alegria, felicidade
Sou a gargalhada que inocente explode
E que impulsiva não se importa com a idade.

Quando eo meu reflexo na poça
Não encontro minha identidade
A esperança e o tempo perturbam
A luz nos olhos de uma moça.



voltei!