quarta-feira, 2 de junho de 2010

Tentando me entender - parte I

Hoje eu percebi uma coisa estúpida, há alguns instantes atrás. É difícil de perceber, todo mundo sabe que essa coisa estúpida está alí mas somos hipócritas e fingimos que não vemos para tentarmos ser mais felizes. O meu único problema agora é que, de tão estúpida, já está saindo da minha mente... há pouco estava pronta para ser transformada em texto e agora está dançando debochadamente dentro de mim, não deixando eu organizá-la.

O que é o amor? Fazemos uma fantasia enorme sobre esta palavra! Criamos todo um conceito sobre como devemos estar com um parceiro. Não conseguimos admitir a existência de algo sem conceito e regras. Ora, existem vários tipos de amor? Eu não sei, mas por que é que amor entre homem e mulher deve ser feliz como um conto de fadas? É realmente assim que acontece? Não. E sempre assim, contrário ao conceito de felicidade plena que criamos, que acontecem os relacionamentos... e geralmente acabam pois achamos que está tudo errado, já que não somos felizes permanentemente. Mas será que é possível ser feliz como achamos que devia ser? Não! Me deram um exemplo sobre isso uma vez: amor entre mãe e filho - todo filho se desentende com sua mãe às vezes, brigam, discutem, mas fazem as pazes; não estão em plena harmonia eternamente, mesmo existindo um amor até, geralmente, muito maior do que entre dois parceiros. É normal.

Outra coisa me intriga. Além de felicidade, existe muita angústia. Por que uma pessoa não consegue estar em paz, na maioria do tempo, com a outra? A felicidade é impossível quando se ama, sempre há uma dor por baixo de todo sentimento. O medo da perda, a angústia de ficar escondendo seu próprio eu para não afastar o parceiro, o ciúme... ah o ciúme! O ciúme é dor. É dor de quem ama! - mas ciúme demais é doença. Ciúme é um sentimento cruel. Queremos sempre ter certeza de que aquela pessoa depende de nós, que será sempre dependente de nós e que somos indispensáveis à sua vida. Grande erro! Ninguém é capaz de ter posse de alguém, dos sentimentos de alguém. A mente é traiçoeira, mesmo sua razão te guiando para um lado, ela pode bagunçar a estrada e te levar para outro caminho. E nisso, não há quem seja capaz de interfirir! Ciúme é um sentimento devastador, porém, inútil. Devemos ser fortes para saber lidar com ele.

O pensamento que veio na minha cabeça hoje, é que é muito triste, desanimador e estranho você perceber que sem querer, você pode estar magoando uma outra pessoa sem mesmo saber, basta ela te amar. Basta ela ter ciúme de você e ter "consciência de que quem amamos pode ser feliz sem nós."

Contradição é querer fazer feliz uma pessoa que você ama, mas sofrer de dor ao ver que ela está sendo feliz sem depender inteiramente de você. Ora, se você deseja a ela felicidade, já é um caminho para que ela seja feliz. Se você ama, deveria ficar feliz sabendo que a outra pessoa está feliz. Mas não! Queremos que ela seja feliz somente ao nosso lado. Isso é amor? O que perturba a cabeça da gente é o ciúme, maldito, bagunça todos os sentimentos. Vendo por um lado é uma coisa tão simples... vai entender.

2 comentários:

  1. o amor é algo tão, tão contraditório e possessivo....


    por isso como bem postei " meu sentimento não tem nome, nem amarras."

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  2. Belo texto!

    Eis que talvez do amor que idealizamos nada mais exista do que a percepção errônea a respeito de síntese: a de que sentí-lo é suficientemente maior (melhor) do que senitr a dor intrínsecamente associada a ele. Não é.
    E, nisso, nos resta como mais correta percepção - para não dizer mais próxima da realidade, mesmo que distante - do amor é a percepção dos filósofos gregos antigos: de que o amor é algo, disfarçado sob as mais diversas e inseparáveis identidades e definições, que, dependendo do ponto de vista, pode ser sem-valor: um combustível tão forte quanto destruidor.

    O amor é a vitória da irracionalidade. O triunfo dos sentimentos injustificáveis. O amor é... o amor.

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